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Quando você se depara com uma situação muito difícil e tudo parece ter acabado. Você enxerga isso como o fim ou o começo?
Vou te contar uma história…
Eu fui demitido em Julho. No inverno, além do frio, o que me arrepia sempre nos últimos anos é a lembrança da única e última demissão da minha vida.
Eu era o responsável pelo RH de uma grande empresa, e passávamos por grandes dificuldades financeiras na época, com uma rotina de contingenciamento de despesas ferrenha. Quando numa conversa com a direção da empresa eu sugeri que não adiantava ficar cortando despesas com papel A4 e sim focar nas grandes contas.
A pergunta que me fizeram foi: que grande conta? Os grandes salários da companhia, é claro!
Desse modo demonstrei que os maiores salários, o meu inclusive, representavam um valor muito significativo, e que se a empresa precisava enxugar, ali era o foco a ser contingenciado, imediatamente.
Duas semanas depois, meu chefe me chamou para uma conversa e me avisou que havia acatado minha sugestão. Pois era uma saída dura, mas extremamente necessária para o momento. Dentre quase 20 executivos da empresa, eu era o primeiro a receber a notícia de demissão, por respeito a minha franqueza e história de quase 15 anos naquela empresa.
O que pode parecer triste, na verdade foi o marco para mim de uma nova vida. Apenas antecipei um sonho de empreender e de viver de coaching, programas de treinamentos e palestras. Nunca mais pensei em trabalhar em outra empresa, senão a minha, a partir daquele momento.
Nos dois primeiros anos a adaptação foi assustadora, pois a vida de um empreendedor é muito diferente da vida de um executivo em uma grande empresa.
As diferenças:
1) Na empresa, o executivo tem help-desk pra tudo, secretária, equipe, 30 dias de férias (e remuneradas ainda) feriado, décimo-terceiro, PPLR, Plano de Saúde e tantas outras mordomias, que acho que esqueci algumas. Agora, quando você empreende e se torna dono do seu negócio, até mesmo trocar o toner da impressora é um desafio e tanto. Certamente aprendi mais em seis meses como empreendedor, do que em dez anos na vida executiva. Então, talvez o principal aprendizado foi que a gente não vende o nosso tempo, mas sim nossos clientes compram, e pagam bem, quando entregamos valor.
2) Na vida executiva, quando chega a época do Natal e das Festas de Ano Novo é tudo muito maravilhoso, em função dos feriados, das férias remuneradas e da festa da empresa (naquela empresa sempre era uma festa maravilhosa). Quando você é empreendedor, nesta época o faturamento cai, precisa pagar o décimo-terceiro, as pessoas pedem folga (merecidas). E você já passa a pensar que o ano realmente começará apenas depois do Carnaval, pois quem trabalha nas empresas está de férias em Janeiro de Fevereiro.
3) Há 14 anos como empreendedor, confesso que já esqueci muito sobre a vida executiva, mas às vezes acabo lembrando, quando visito alguma empresa, para prospecção de negócios. Desta forma, percebo que o paradigma de vender seu tempo e entregar valor ainda prevalece na cabeça de muitos profissionais. Valor tem a ver com qualidade, agilidade, performance e solução criativa de problemas.
Daí me pergunto, sempre que me deparo com pessoas com o velho paradigma:
Será que em Julho estas pessoas não terão que acordar para isso, como eu tive?
Além do mais, convido você que está ainda constando na lista da mais alta conta contábil da sua empresa e ainda desfruta de tantas regalias, que eu nem conseguiria lembrar agora.
Se o valor que você entrega está maior que o custo que você representa, ou se em algum período de dificuldade, alguém não vai olhar para esta conta com um olhar crítico e se perguntar: